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Picuinhices

por Rui Santos, em 06.02.13

A política e o futebol têm muito em comum, porque a bola, mais ou menos esférica -- também há a quadrada... -- é a mesma, apesar dos ressaltos, das caneladas e dos foras de jogo, os bem e os mal assinalados. Nós somos os receptores dos picos de (tele)frenesim. Habitualmente, depois das 20 horas.

 

O(s) governo(s) também têm as suas janelas de transferências. Nolito foi para o Granada, mas o artefacto rebentou nas mãos de Passos Coelho quando Franquelim Alves se apresentou como reforço da equipa de Álvaro Santos Pereira.

 

Salvaguardadas as honrosas excepções, os políticos, os banqueiros e os dirigentes de futebol acham-se num patamar que não é o nosso. Acham uma picuinhice as nossas picuinhices, porque não têm tempo a perder com elas. O problemas é que as picuinhices fazem parte do mundo em que vivemos. Os sem-abrigos existem. Os lençóis de papelão, sem penas de ganso, existem. Os caixotes de lixo, cada vez mais procurados em substituição dos balcões de snack-bar, existem, mas há refeições que estão sempre asseguradas, proteínas a baixo custo.

 

Os cálculos em folhas de Excel são importantes, percebemos que o tempo de ir ao ginásio para ginasticar os neurónios não pode ser substituído por mais nada, mesmo que seja de manhã, antes da injecção de adrenalina, mas -- sem desprezo pelas horas de estudo nas melhores universidades e pelas experiências académicas entre York e Vancouver (dois exemplos avulsos) -- é preciso não esquecer as pessoas. Sim, as pessoas. Brancas, pretas, amarelas, altas, baixas, gordas, magras, europeias, não europeias, ricas, pobres, remediadas, cultas, incultas, crentes, ateias, bonitas, feias. As pessoas e os seus problemas.

 

É como no futebol. Os dirigentes só têm ouvidos para os bancos e para um determinado tipo de consultores e, a certa altura, cansados de tanta incompreensão, já não têm paciência para aqueles que os ajudaram à eleição, sem qualquer contrapartida. Os adeptos são uns chatos, sobretudo aqueles a quem não se paga o dízimo.

 

Há um mundo real, cheio de picuinhices, que os políticos, os banqueiros e os dirigentes desportivos, fartos de tanta exigência e desgastados do seu alogaritmado quotidiano, desprezam e ignoram.

 

A picuinhice do BPN não é uma coisa para comer e calar.

A picuinhice do BPN está a transformar a vida de milhões de inocentes.

A picuinhice do BPN é real e todos aqueles que não alavancaram a fraude não se podem calar nem conformar.

 

Há cartas escritas e datadas que revelam a preocupação de Franquelim Alves?

Não. Definitivamente não percebem. O BPN não é uma coisa de somenos. Caucionar a estória do BPN é caucionar a fraude e a corrupção e é caucionar todos os mecanismos frenadores da transparência que redundam em gravíssimo prejuízo do erário público.

Franquelim Alves até pode ser um super-homem para Santos Pereira, mas para as pessoas, para os contribuintes que se acham neste turbilhão de imparidades, não é.

Bem sei que é incómodo, porque há muita gente a esconder o rabo, gente com responsabilidade, e talvez fosse conveniente não puxar o fio do novelo e da novela.

Estaremos enganados ou a opinião pública não conhecia Franquelim Alves como ‘o desmascarilha’?!...

Não é conhecida nenhuma acção pública nesse sentido. A estratégia do recato é agora compensada?

Não. Definitivamente não percebem. Não é uma questão de esquerda ou direita. Não é uma questão de simpatia ou antipatia política. É uma questão de bom senso.

Um dia a bolha pode rebentar.

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publicado às 17:38


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